Já quase no
fim de sua vida, Davi chama o seu filho Salomão e lhe dá suas últimas
instruções, que se inicia com este chamado, diria até mesmo com esta ordem: “Sê corajoso, porta-te como homem”. E Salomão
levou a termo esta ordem, tornando-se um grande rei, admirado pela sua
sabedoria.
Talvez
hoje, mais que nunca esta palavra precise ecoar no coração dos homens de nossa
atual sociedade, para que retomando a sua essência redescubram o seu papel no
mundo.
O
conferencista inglês Robert Bly, no seu livro “João de Ferro: um livro sobre
homens” traz uma riqueza de detalhes sobre o papel do homem nas
diversas culturas e, de certo modo, faz um apelo ao homem moderno que volte às
suas origens e se “redescubra por
dentro”. Assim como na história João de Ferro, escrita pelos irmãos Grimm,
na qual foi baseado o livro, o homem de hoje é chamado a entrar em sua “floresta interior” para descobrir o ser
primitivo que aí habita. Esse encontro é que lhe abrirá a possibilidade de
retorno à sua identidade mais profunda. Muitos entraram nesta floresta, poucos
voltaram dela. A maioria se perdeu por medo de confrontar-se com suas verdades
interiores. Somente aqueles que entraram em contato com o “ser peludo e selvagem” que habitava na floresta descobriram em si
qualidades, beleza, força e tornaram-se reis.
Esta
história do João de Ferro retrata bem a realidade do homem contemporâneo, que
na grande maioria se tornaram um ser frágil, inseguro e dependente, sobretudo a
partir da explosão que foi o movimento feminista dos anos 60. Motivadas por
esta mentalidade, muitas mães começaram a educar os filhos para serem mais
sensíveis e delicados, na ilusão de estarem formando-os para serem melhores,
enquanto na verdade estavam “castrando” os filhos daquilo que é próprio do
homem, tentando imprimir neles o gosto e jeito de ser feminino. Daí, a
contribuição para as grandes crises de identidade que a maioria hoje vive.
Deus
ao criar o homem imprimiu nele qualidades ou características próprias, dentre
elas a capacidade de governar, discernir e penetrar a essência das coisas.
·
Governar (cf. Gên. 1,26) – Ao homem
foi dado governar toda a criação;
·
Discernir (cf. Gên. 2,19-20) – O
Senhor deu ao homem a tarefa de nomear todos os animais e com isso a capacidade
de discernir o nome próprio para cada um;
·
Penetrar
(cf. Gên. 2,21-24) – Penetra os mistérios mais profundos e reconhece
Deus, mas também reconhece a si mesmo no outro.
Todo
homem é chamado a ser pai, e isto é um dom, mas implica a responsabilidade de
ser para o outro um referencial a ser imitado. Portanto, não tema ser um homem
que viva como um filho amado de Deus, criado à imagem e semelhança da Trindade.
Seja corajoso, para romper com os
ditames da chamada cultura moderna e assim tornar-se o homem segundo o plano
original de Deus.
“Sê corajoso, porta-te como
homem”.