quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A SOLIDÃO DO CORAÇÃO


Os primeiros cristãos, sobretudo Lucas no Evangelho conservaram uma imagem de Jesus muito orante, e que continuamente se retirava a um lugar à parte – geralmente um monte – para estar com o Pai. Esta atitude de Jesus revela- nos, que o homem tem em si essa necessidade de se relacionar. Para Jesus a solidão era o lugar desse encontro, ambiente propício para cativar o amor. E nós como temos encarado a nossa solidão interior?
Vivemos num mundo agitado onde tudo passa e muda num instante, geralmente o que se escuta é que “não tenho tempo para nada”, e assim vai... Nos acostumamos com o barulho, com muitas pessoas à nossa volta, enfim, a solidão se torna na vida de muitos algo insuportável. Isso se reflete claramente numa simples atitude de ao chegar em casa após o trabalho ou da aula, ligar logo a TV ou o som para ouvir uma música ou algo semelhante. Tudo na tentativa de se livrar da sensação de estar só. É como se estar só, gerasse no interior o sentimento de não ser tão importante ou amado. Muitos são os que por medo de se sentirem só, acabam envolvendo em relacionamentos que na grande maioria só geram feridas em ambas as partes. Mas, o que de fato precisamos é acolher que todos nós, somos um ser intrinsecamente só.
A solidão faz parte de nossa vida! Quem nunca se sentiu só em algum momento de sua história? Estar só não significa ser só, pois o silêncio da solidão nos permite um encontro profundo com nossa própria intimidade. Ela nos revela a verdade de tudo o que trazemos em nosso interior. Ela é um espaço onde podemos nos encontrar. Talvez seje essa a causa de tanta rejeição à solidão, já que nem sempre estamos reconciliados conosco. Porém, quanto mais tentarmos fugir dessa experiência, tanto mais nos encontraremos angustiados, descontentes, perturbados e até sem ânimo para rezar, pois é ela que faz a nossa humanidade adentrar numa verdadeira vida espiritual. A solidão tem como grande objetivo libertar o nosso coração para o puro amor, pois à medida que nos aproximamos de Deus por meio dela, tornamo-nos capazes de amar intensamente a todos sem possuir ou invadir sua individualidade.
Independente da vocação que se abraça, a solidão continuará sempre se fazendo parte integrante da vida de cada pessoa. Na vida dos que se casam, ela se faz necessária para que um não sufoque o outro com demasiadas expectativas. Na dos que abraçam o celibato consagrado, é importante para que nela cultivando o amor e a intimidade com Deus o mesmo não se arraste atrás de ilusões ou autoconsolos.
A exemplo de Jesus, aprendamos a abraçá – la como lugar de descanso, intimidade, e de encontro com Aquele que nos conhece profundamente e que nos ama incondicionalmente.

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